A dor cervical, atualmente, é um sintoma muito comum e a sua prevalência tem vindo a aumentar na população.

Define-se como dor na região do pescoço que pode estender-se até à cabeça, provocando cefaleias, e até à região dos ombros.

Pode dividir-se em 2 tipos:

  • Aguda – quando surge subitamente após um esforço físico, episódio traumático ou de stress;
  • Crónica – quando persiste consecutivamente por mais de 3 meses.

As causas são variadas e não estão totalmente estudadas, mas reconhece-se a influência de fatores como:

  • Situação traumática (Acidente, queda, etc)
  • Alterações posturais;
  • Tensão muscular e contraturas da musculatura cervical;
  • Fraqueza e desequilíbrio muscular;
  • Stress (emocional e físico);
  • Alterações degenerativas (hérnias, artrose, protusões, etc);
  • Distúrbios visuais;
  • Sobrecarga mecânica (carregar pesos, por exemplo);
  • Distúrbios da articulação temporo-madibular;
  • Entre outros.

Para além do sintoma de dor já mencionado, a cervicalgia pode associar-se também a tonturas, dores de cabeça, formigueiros e alterações de sensibilidade nos membros superiores, bem como perda de força, em caso de compressão nervosa.

A influência das alterações posturais tem sido bastante estudada nos últimos anos, e alguns estudos apontam que a postura da cabeça e pescoço têm relação direta com a prevalência de dor, principalmente no que diz respeito à anteriorização da cabeça. 1, 2, 3, 4, 5

A anteriorização da cabeça está presente quando a cabeça se encontra anterior em relação ao tronco, provocada por uma translação da mesma, ou por uma flexão cervical baixa,  associadas a uma extensão cervical alta. 1, 2, 4, 5

Sugere-se que esta postura leva a um aumento das forças compressivas nas apófises articulares (articulações posteriores das vértebras) e parte posterior da vértebra, alterações no comprimento e força do tecido conjuntivo (músculos e fáscias) que consistem em alongamento das estruturas anteriores e encurtamento das estruturas posteriores, o que resulta em dor. 1, 4, 5

A consequente redução da força dos músculos flexores e extensores da região cervical, a hiperatividade e o aumento da fatigabilidade dos músculos flexores do pescoço, a limitação da amplitude de movimento, a redução da propriocepção cervical e a presença de dor são alguns dos fatores que fazem com que os episódios de cervicalgia se tornem recorrentes e se agravem. 2

Este tipo de alteração está cada vez mais presente na população em geral, decorrente de posturas prolongadas na posição de sentado, acumulação de horas de trabalho ao computador, uso de smartphones, sedentarismo, entre outros, e tende a agravar-se com a idade. 3

Assim sendo, todos os que revêm o seu estilo de vida na descrição anterior, sofrendo ou não de dor cervical, podem e devem tomar medidas de prevenção que resultam também como estratégias de controlo da dor.

No seu dia-a-dia procure fazer pausas de hora a hora, ou de duas em duas horas para aliviar a tensão muscular acumulada e trabalhar um pouco na sua postura. Não precisa de mais do que 5 minutos! Abaixo deixo alguns exemplos de exercícios de alongamento que pode e deve fazer:

Para além destas medidas, é importante que saiba que manter um estilo de vida ativo com a prática regular de exercício físico é um dos fatores mais importantes para o combate a este tipo de sintomas. O Pilates é um método seguro de exercício físico e que ajuda no combate à cervicalgia, promovendo o fortalecimento muscular e o alongamento.

No entanto, é importante que avalie o seu caso junto do seu Médico ou Fisioterapeuta para que o possam aconselhar da melhor maneira, uma vez que cada caso é diferente, embora os sintomas possam ser semelhantes.

 

Fisioterapeuta Vera Pinto

 

1 – Silva, A.G., Punt, T.D., Sharples, P., Vilas-Boas, J.P., Johnson, M. (2009)  Head Posture and Neck Pain of Chronic Nontraumatic Origin: A Comparison Between Patients and Pain-Free Persons. Archives of Physical Medicine Rehabilitation, Apr;90(4):669-74

2 – Soares, J.C, Weber, P., Trevisan, M.E., Trevisan C.M., Rossi, A.G. (2012) Correlation between head posture, pain and disability index neck in women with complaints of neck pain. Fisioterapia e Pesquisa, vol.19, n.1, pp.68-72. ISSN 2316-9117.

3 – Nejati, P.Lotfian, SMoezy, A., Nejati, M. (2015) The study of correlation between forward head posture and neck pain in Iranian office workers. International Journal of Occupational Medicine and Environmental Health. 2015;28(2):295-303.

4- Lau, KT., Cheung, KY., Chan, KB., Chan, MH., Lo, KY., Chiu, TT. (2010) Relationships between sagittal postures of thoracic and cervical spine, presence of neck pain, neck pain severity and disability. Manual Therapy 2010 Oct;15(5):457-62.

5- Yip, CH., Chiu, TT., Poon, AT. (2008) The relationship between head posture and severity and disability of patients with neck pain. Manual Therapy. 2008 May;13(2):148-54